segunda-feira, 13 de setembro de 2010

Dentro do abismo, dentro...



"Quem olha para fora, sonha e quem olha para dentro, acorda." (Jung)

É um processo doloroso, lento, como um parto que durasse anos. Talvez desde o nascimento, dedo a dedo de dilatação, até tomarmos coragem e começar a abrir os olhos. Depois de abertos, ainda cegos, somente vultos, é quase um penar, tropeços, quedas, a perda do equilíbrio.

Nítida a imagem, buscamos no mundo as respostas. Não vemos que lá fora só há perguntas, o compêndio de nossa própria existência está guardado lá dentro, bem no fundo do baú. Encontrar a chave não é fácil, mas tomar coragem para usá-la é terrificante, capaz de conduzir-nos à inércia total, de nos petrificar, como o olhar da Medusa.

Há quem diga que não tem medo desse acordar. Acho meio impossível não temer esses abismos. Sabe lá o que vamos encontrar em cada esquina do nosso inconsciente... Entre o médico e o monstro, qual dos dois te assusta mais? Hein, girl?

O pior é o pavor de virar pedra...

2 comentários:

  1. Muito legal! Lembrei-me daquela passagem da filosofia oriental a qual Raul canta: Sonhei que era uma borboleta e, quando acordei, não sabia se era um homem sonhando ser borboleta ou uma borboleta sonhando ser homem. Mas esse é o rol da psicologia e também, por que não?, da filosofia: o autoconhecimento. Porém, questionemo-nos se a natureza do conhecimento interno é o mesmo do conhecimento externo. Ou seja, assim como conheço que aquela garrafa que está fora é verde conheço que minha mente é assim, ou que tenho um padrão de pensamento assim, que sou de tal categoria de mente? Não sei, mas penso que não. Porque o mundo externo é duro e, aparentemente, o interno é mole. Ele muda. Os sonhos mudam, os pensamentos também e nossa vontade não é tão firme assim: dissolvem-se quando encaramo-los com duração. E o pavor de virar pedra talvez seja o de encarar o mundo interno e ele não mudar - essa é a busca da pedra filosofal: uma busca de algo interno que não mude. Se não mudar, é como se fosse outro dentro de nós. Como diria Phil Mollon na obra O Inconsciente: "É a ameaça de de encontrar a absoluta 'alteridade' do inconsciente - a vida que habita em nós, que nos é desconhecida e nos dirige, embora não fale a nossa língua, o oráculo aterrorizador que se exprime ou murmura incompreensivelmente durante o sono."

    bjos : )

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  2. Adorei teu post.
    Não sei se coincidentemente é essa a frase que está no meu Orkut...

    Como diz Jung também: "O interno e o externo estão mais ligados e ao mesmo tempo interdependentes do que pensamos" (Ou mais ou menos isso)

    Pena não sobrar mais tempo para "destrichar" o blog, mas adorei os assuntos...
    Te invejo colega, sempre quis ter um blog com a temática parecida... hahahahahaa

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