terça-feira, 18 de maio de 2010

ENSAIO SOBRE A CEGUEIRA




Como todo ensaio, é uma obra aberta. Talvez porque seja impossível para um escritor desenvolver um Tratado. A literatura se parece muito com a psicologia: sua base é a subjetividade.
Saramago é um gênio, e o ser humano um tema sem limites para digressões, sem regras, cheio de surpresas e encantos. O ser humano, ser que supera em si toda e qualquer espectativa ou perpectiva.
Nesta delicada e arrebatadora obra, o autor nos faz refletir sobre o quão frágeis e instáveis são os pilares sobre os quais edificamos nossa sociedade, o quão tênue é a linha que delimita nossa estabilidade emocional, em verdade: qual estabilidade? Diante do caos, o quanto do nosso ser animal temos que trazer a tona em nome da sobrevivência. E vestidos com a bandeira da luta pela sobrevivência, o quanto de maldade somos capazes de realizar. E essa maldade é animal? Mas diante da tragédia consola-nos pensar em o quanto nossa alma ainda pode lembrar das outras almas, do outro ser.
Na obra de Saramago, a humanização chega com o respeito e o cuidado pelo outro. Redescobre-se o sentido e a necessidade existirmos com o outro, para o outro, pelo outro e por nós mesmo: liberdade é co-existirmos.
E nos sentimos um pouco aliviados com nossa cegueira branca, pois é sempre doloroso encarar com esse lado negro que existe ainda em todos nós.

3 comentários:

  1. Nossa, eu tive um pensamento besta lendo esse post:
    "Psicologia não é apenas ciência, é a arte da subjetividade"

    Nossa, me assustei comigo mesmo agora...
    jsajasiasjaiajssa
    Mas sério, me fez pensar isso quando eu li.

    "Já dizia um amigo meu: Besteira é coisa séria e é preciso com ela filosofar" o/

    Tah... Parei... :P

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  2. Amei o post amiga!!!

    E é esse o nosso objetivo: fazer esta vida que nos é concedida tão significativa quanto possível, viver de tal modo que possamos nos orgulhar de nós mesmos, agir de maneira que alguma parte de nós permaneça. (Oswald Spengler SEC. XX)

    **Um bom filme para nosso cine debate!!!

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  3. "...E vestidos com a bandeira da luta pela sobrevivência, o quanto de maldade somos capazes de realizar." Na verdade colega, penso nesta questão como uma pergunta, o quanto de maldade somos capazes de produzir em nome da sobrevivência seja ela imposta pela "cegueira branca", seja ela imposta pelo caos do momento? O quanto de maldade o ser humano realiza para atingir seus objetivos? Isto que não levamos em conta nenhuma psicopatologia, são apenas reflexões acerca deste pensamento, e também para nos depararmos com uma realidade assustadora demais frente ao bem que possuímos em nosso coração.

    Mas...a vida segue, e com ela o bem que fazemos é o que falará a nosso favor!!!

    Parabéns pelo post!!!!!

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