terça-feira, 18 de maio de 2010

ENSAIO SOBRE A CEGUEIRA




Como todo ensaio, é uma obra aberta. Talvez porque seja impossível para um escritor desenvolver um Tratado. A literatura se parece muito com a psicologia: sua base é a subjetividade.
Saramago é um gênio, e o ser humano um tema sem limites para digressões, sem regras, cheio de surpresas e encantos. O ser humano, ser que supera em si toda e qualquer espectativa ou perpectiva.
Nesta delicada e arrebatadora obra, o autor nos faz refletir sobre o quão frágeis e instáveis são os pilares sobre os quais edificamos nossa sociedade, o quão tênue é a linha que delimita nossa estabilidade emocional, em verdade: qual estabilidade? Diante do caos, o quanto do nosso ser animal temos que trazer a tona em nome da sobrevivência. E vestidos com a bandeira da luta pela sobrevivência, o quanto de maldade somos capazes de realizar. E essa maldade é animal? Mas diante da tragédia consola-nos pensar em o quanto nossa alma ainda pode lembrar das outras almas, do outro ser.
Na obra de Saramago, a humanização chega com o respeito e o cuidado pelo outro. Redescobre-se o sentido e a necessidade existirmos com o outro, para o outro, pelo outro e por nós mesmo: liberdade é co-existirmos.
E nos sentimos um pouco aliviados com nossa cegueira branca, pois é sempre doloroso encarar com esse lado negro que existe ainda em todos nós.

quinta-feira, 13 de maio de 2010

EMERGÊNCIA

Quem faz um poema abre uma janela.
Respira, tu que estás numa cela
abafada,
esse ar que entra por ela.
Por isso é que os poemas têm ritmo
- para que possas profundamente respirar.
Quem faz um poema salva um afogado.
(Mário Quintana)





Acredito no poder terapêutico da literatura. Toda e qualquer forma, desde Tolstói, passando por Veríssimos, chegando até a Fernandinha Young. Poesia então, nem se fala. A literatura fornece a nós importantes ferramentas para uma “análise”, em um sentido bem global mesmo. Através do contato com o mundo dos livros, que é uma espécie de verdadeiro retrato do mundo real, chegamos fundo na alma de todos. Estão todos lá: os amigos, o bandido da TV, o cara do armazém, o cobrador de ônibus, o advogado, a donzela, o feio, a menina que vende flores, os amores... Estamos todos lá, tudo de nós. Nossos medos, anseios, egoísmos, desejos, vontades, maldades, verdades, mentiras, amores... Somos capazes de reconhecer em cada personagem um eu diferente, porque cada um deles carrega a essência do ser humano, que está lé, descrita com uma nudez dilacerante pelas mãos do escritor. É por isso que é terapêutico, porque através da leitura travamos um profundo diálogo com o nosso eu, nos questionamos através das atitudes destas pessoas ficcionais e avaliamos, a cada passo dos personagens, nossa própria postura diante das coisas do mundo.
Adoraria sair do consultório com uma receita de livros...

Praxis

"Agir, eis a inteligência verdadeira. Serei o que quiser. Mas tenho que querer o que for. O êxito está em ter êxito, e não em ter condições de êxito. Condições de palácio tem qualquer terra larga, mas onde estará o palácio se não o fizerem ali?"
Fernando Pessoa

terça-feira, 11 de maio de 2010

A boa vem vindo...


"A coisa mais indispensável a um homem é reconhecer o uso que deve fazer do seu próprio conhecimento."
(Platão)