Redes como Sistemas de Interação Social
O conceito de rede
é pensado, muitas vezes, como um tipo de sistema de inter-relação social
diferente do grupo, por diversas características.
Apesar de algumas divergências teóricas, o principal aspecto definidor do que
seria uma rede é a sua capacidade de articulação e rearticulação permanente.
As práticas interativas são o motor da produção da cultura,
fazendo com que existam múltiplas possibilidades de arranjos e negociações,
dependendo do potencial de contatos e fronteiras que os agentes sociais
envolvidos em tais processos podem estabelecer. Nesse sentido, seria impossível
perceber a sociedade como uma unidade fechada, com suas características dadas,
mas sim como um processo permanente de interações sociais e culturais, em que
estas seriam constantemente construídas e desconstruídas, obedecendo a demandas
contextuais.
As redes podem ser pensadas em sentidos diversos: ou com o
sistema de integração entre pessoas, mediante práticas de interação, em um sentido
mais social; ou como um sistema de troca de mercadorias e bens materiais, em um
sentido mais econômico; ou como trocas de informações e bens simbólicos, em um
sentido mais cultural.
A globalização traz, como um dos seus efeitos mais
perceptíveis, a possibilidade de se estabelecer explicitamente sistemas de
interação social em rede, em que sujeitos, através de links, participam de
trocas econômicas e culturais em amplas escalas, que extrapolam limites
espaciais e temporais antes rígidos.
Não há dúvida, portanto, de que a ideia de uma sociedade em rede, a partir das transformações
citadas acima, é pertinente e adequada aos estudos sobre as sociedades
contemporâneas. No entanto, ele vem sendo tratado como dado, sem qualquer
esforço de localizá-lo historicamente e mesmo de conceituá-lo minimamente. Há,
portanto, um uso generalizante do conceito que só tende a esvaziá-lo, em
detrimento de sua riqueza e adequação.
O que poderíamos destacar, no caso contemporâneo, em face do
processo de globalização, é a expansão da rede, sua potencialização ampliada e
sua explicitação. Nesse sentido, o conceito é muito pertinente, pois trata-se,
sem dúvida, de uma conjuntura histórica em que os sentidos propostos para o
conceito de rede (interação entre indivíduos, troca de mercadorias e fluxo de
informações) estão evidenciados e acabam ocupando u m lugar central na
configuração cultural, política, econômica e social. Mas é preciso cuidado para
não cairmos em um reducionismo histórico, negando o quanto as questões que hoje
nos inquietam fazem parte de um processo de longa duração.
Fonte: http://www.revistas.ufg.br/ci/article/viewFile/24452/15165
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