O medíocre sempre começa a falar
pedindo desculpas. Ele não tem convicção sobre nada do que pensa, fala ou faz,
porque tudo o que pensa, fala ou faz não é inteiro, não é verdadeiro. O
medíocre é uma cópia mal produzida de si mesmo, da sua própria incapacidade de
ser por completo, e seu repertório é uma fala mal ensaiada que, há anos, exibe
sem pudor. Seu ego é frágil, incapaz, mas
e ele insiste em chamar atenção mesmo às custas de despertar a pena alheia. Ele
não percebe a pena alheia. O medíocre só percebe a si mesmo. Ele acredita na
sua genialidade medíocre, e coloca tudo na vitrine, até os rascunhos vazios.
Dê dinheiro ao medíocre e uma espécie
de mau gosto nojento e soberbo saltará aos olhos de todos, suscitando o asco
nos corações alheios, destruindo os sorrisos. Dê poder ao medíocre e ele
consegue ser desleal até com as baratas que habitam o vão entre a cama e a
parede do seu apartamento. O medíocre gosta das baratas, porque ninguém gosta
delas. Dê sucesso ao medíocre e ele sucumbe sozinho, porque ninguém vai ter nem
coragem de puxar o seu tapete, pois que chutar cachorro morto é fácil, difícil
é manter-se sóbrio.
Essa espécie, cada vez mais
presente, talvez seja um mal necessário. É a partir da observação do medíocre
que às vezes criamos coragem pra produzir algo que exista no mundo, para o
mundo, com o mundo. A reflexão sobre a mediocridade já é um largo passo. E
talvez o desejo de não me tornar um deles seja o momento a partir do qual eu
deixe de ser mais um medíocre.
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