As discussões sobre a dualidade público-privado se fazem cada vez
mais importantes no contexto social em que vivemos. Não só
por toda a questão exposta por Bauman, sobre o indivíduo tornar público o
que há menos de três décadas era privado, mas também pela forte
influência das redes sociais e da mídia, como um todo, na formação de
opinião, e até mesmo na formação de caráter do indivíduo.
O que assistimos diariamente, quando somos bombardeados pelos
veículos de comunicação com propagandas, falsas notícias, informações
manipuladas, é a exposição de falsos valores a serem seguidos, para
sustento de uma economia capitalista, pautada no lucro e na manutenção
das grandes instituições financeiras. Sem se preocupar com o ser humano,
essas ações midiáticas vivem a serviço do chamado “capitalismo
selvagem”. E, no decorrer dos últimos anos, além de uma “terceirização”
de serviços por parte do Estado, como afirmou Bauman, o Estado
descaradamente trabalha pela e para a economia, e esquece que sua
principal tarefa é defender os interesses de toda a comunidade.
A todo esse movimento, unem-se os dois em um acordo para benefício
próprio: a mídia e o Estado. O colapso é iminente. E estamos, como
afirma o sociólogo no vídeo, à beira de uma grande mudança nas
estratégias construídas pela democracia para administrar o Estado, e, a
partir desse colapso, também teremos a oportunidade de rever nossa visão
de mundo. Porque, nesse jogo de interesses, não é só o Estado e a mídia
que colabora com a falência social que enfrentamos. Somos também os
culpados por tamanho descaso com o Homem, como espectadores ferrenhos do
privado no lugar do publico, e como atuantes quando deixamos que nossas
necessidades narcísicas, nossos fetiches exibicionistas e voyeurísticos
nos dominem e nos entregamos às redes. Em parte, está em nossas mãos o
que faremos do nosso futuro. Mas só nos daremos conta disso quando
tivermos a real dimensão de nossa responsabilidade em todo esse
processo. Enquanto estivermos focados no privado, nossa vida pública
estará na privada.
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